Foi publicado em Junho deste ano o mais recente livro de Jean-Louis Fetjaine - As Rainhas de Púrpura, I Volume: A Cortesã. Trata-se de um romance histórico centrado num dos períodos mais conturbados da Alta Idade Média e que tem como principal personagem Fredegunda, a amante de Quilperico I (539-584), quarto filho de Clotário I, rei de Francia. A narrativa, de leitura agradável, dá-nos uma visão das lutas pelo poder no tempo dos Merovíngios e procura ser fiel aos factos históricos tal como estes chegaram até nós. No final do livro o autor apresenta a bibliografia consultada que, embora não seja volumosa, aponta uma obra fundamental - L'Histoire des Rois Francs de Grégoire de Tours - principal fonte contemporânea da história merovíngia.
quarta-feira, julho 30, 2008
sexta-feira, julho 25, 2008
5ªs à Noite nos Museus
Resolvi recomeçar a escrita neste blog divulgando uma excelente iniciativa do IPM - 5ªs à Noite nos Museus. Embora não conste que os quadros ganhem vida ou haja figuras de cera a passear pelas galerias como no filme de Shawn Levy, não pensem que estas ofertas nocturnas se limitam a um simples passeio pelas galerias.
Uma boa opção para quem ficou pela cidade e quer terminar o seu dia de Verão em beleza. Basta consultar a programação no site do IPM:
segunda-feira, maio 26, 2008
Carbono 14
Há dias em que nada apetece, em que toma conta de nós uma espécie de letargia e o mais que se consegue é ficar para ali, de cabeça vazia, entregue à monotonia. Ontem foi um desses dias e nem o livro novo, ainda por folhear, me despertou o interesse. Acabei por me deixar ficar, a percorrer os canais da TV Cabo, mas sem grande esperança de encontrar algum entretenimento nisso. Como no canal MOV estava a começar um filme e eu gosto de os ver desde o seu início, parei o zapping e prestei atenção. O nome do actor principal, Jean-Claude Van Damme, deixou-me logo de pé atrás, mas o título "Timecop, Patrulha Do Tempo" e uma história em torno de viagens no tempo, foram o argumento para eu dar o benefício da dúvida.
O filme era escandalosamente mau e deixei de o ver a partir do momento em que, a certa altura, observando umas barras de ouro, um dos protagonistas afirma tratar-se de ouro de 1800 e picos, facto comprovado através do teste do Carbono (a que se referiria?!). Mas que disparate mais grosseiro! Passou-me logo a preguiça e lá fui eu ...aos livros e à Internet.
O teste do Carbono-14, ou radiocarbono, é um dos mais conhecidos métodos de datação de restos orgânicos, de origem animal ou vegetal: quando um animal ou uma planta morre, o C14 que ele contém começa o seu processo de desintegração; medindo a radioactividade residual de um achado obter-se-á, portanto, o número aproximado de anos decorridos desde a morte do vegetal ou do animal de que provém.
"MÉTODO DO C14 OU RADIOCARBONO
Baseia-se na determinação da proporção entre o C14 e o total de carbono existente numa amostra (considerando-se um sistema fechado). A amplitude de datação coberta por este método é de 500 a 50.000 anos.
Existem 5 isótopos de C dos quais o mais comum é o C12. O C14 forma-se continuamente, de modo natural, nas partes elevadas da atmosfera (entre 15.000 e 20.000m de altitude) pela interação dos raios cósmicos com o N14. O C14 assim produzido passa a participar do óxido de carbono da atmosfera, sendo incorporado, no habitat terrestre, pelas plantas, através da fotossíntese e, finalmente, pelos animais, através da cadeia herbívoro-carnívora. Nos habitats aquáticos, dissolve-se nas águas, passando à composição das plantas e animais que ali vivem.
Com o correr do tempo, o C14 vai-se desintegrando, transformando-se novamente em N14. Considerando-se que: 1) a proporção C14/C12 conhecida da atmosfera manteve-se constante nos últimos 50.000 anos; 2) que essa proporção se distribui de maneira uniforme e 3) que após a morte dos organismos, a composição isotópica do carbono só se alterou por desintegração, basta medir a C14/C12 para se saber a idade do organismo.
O período da meia-vida do C14 ainda não está seguramente definido. Alguns autores como equivalente a 5.730 ± 40 anos e outros 5.570 ± 30 anos.
A proporção C14/C12 na atmosfera modificou-se a partir de 1950, por efeito das explosões nucleares. Desta maneira, a idade é fornecida com relação ao ano de 1950, com a abreviatura A.P. (antes do presente)"
O filme era escandalosamente mau e deixei de o ver a partir do momento em que, a certa altura, observando umas barras de ouro, um dos protagonistas afirma tratar-se de ouro de 1800 e picos, facto comprovado através do teste do Carbono (a que se referiria?!). Mas que disparate mais grosseiro! Passou-me logo a preguiça e lá fui eu ...aos livros e à Internet.
O teste do Carbono-14, ou radiocarbono, é um dos mais conhecidos métodos de datação de restos orgânicos, de origem animal ou vegetal: quando um animal ou uma planta morre, o C14 que ele contém começa o seu processo de desintegração; medindo a radioactividade residual de um achado obter-se-á, portanto, o número aproximado de anos decorridos desde a morte do vegetal ou do animal de que provém.
"MÉTODO DO C14 OU RADIOCARBONO
Baseia-se na determinação da proporção entre o C14 e o total de carbono existente numa amostra (considerando-se um sistema fechado). A amplitude de datação coberta por este método é de 500 a 50.000 anos.
Existem 5 isótopos de C dos quais o mais comum é o C12. O C14 forma-se continuamente, de modo natural, nas partes elevadas da atmosfera (entre 15.000 e 20.000m de altitude) pela interação dos raios cósmicos com o N14. O C14 assim produzido passa a participar do óxido de carbono da atmosfera, sendo incorporado, no habitat terrestre, pelas plantas, através da fotossíntese e, finalmente, pelos animais, através da cadeia herbívoro-carnívora. Nos habitats aquáticos, dissolve-se nas águas, passando à composição das plantas e animais que ali vivem.
Com o correr do tempo, o C14 vai-se desintegrando, transformando-se novamente em N14. Considerando-se que: 1) a proporção C14/C12 conhecida da atmosfera manteve-se constante nos últimos 50.000 anos; 2) que essa proporção se distribui de maneira uniforme e 3) que após a morte dos organismos, a composição isotópica do carbono só se alterou por desintegração, basta medir a C14/C12 para se saber a idade do organismo.
O período da meia-vida do C14 ainda não está seguramente definido. Alguns autores como equivalente a 5.730 ± 40 anos e outros 5.570 ± 30 anos.
A proporção C14/C12 na atmosfera modificou-se a partir de 1950, por efeito das explosões nucleares. Desta maneira, a idade é fornecida com relação ao ano de 1950, com a abreviatura A.P. (antes do presente)"
sexta-feira, maio 02, 2008
Atelier Daynes: olhar quem fomos
A possibilidade de vermos o rosto de alguém que já não está entre nós e do qual apenas restam as ossadas, é algo perfeitamente possível hoje em dia e o ATELIER DAYNES é um bom exemplo disso.
Elisabeth Daynès, em estreita colaboração com os paleoantropólogos, tem realizado diversos trabalhos de reconstrução cujos resultados são, a meu ver, de "cortar a respiração".
Vale a pena passar pelo site, mas o melhor era mesmo ir até lá
domingo, abril 20, 2008
O Menino do Lapedo
Tema proposto por lunatic
A descoberta acabou por dar origem a um livro intitulado Portrait of the Artist as a Child: The Gravettian Human Skeleton from the Abrigo do Lagar Velho and its Archeological Context (publicação do IPA, exclusivamente em Inglês vá lá compreender-se o porquê) onde os seus autores, João Zilhão e Erik Trinkaus, apontam o "Menino do Lapedo" como o resultado de um possível processo de mestiçagem entre Sapiens e Neanderthalensis:
Será então ou não o Menino do Lapedo um "eco do passado"? A prova de que duas espécies do género Homo se cruzaram?
"Se na Europa, e numa escala menor no Médio Oriente, encontramos traços de uma coexistência dos dois homens, não existe em contrapartida nenhum resto fóssil a atestar com certeza que eles coabitaram. Os poucos fósseis de híbridos, como o da criança do Lagar Velho em Portugal, deixam perplexa a maior parte dos paleantropólogos porque a descoberta de uma sepultura conjunta seria mais convincente. Esta coabitação é posta em causa por um outro elemento de natureza geográfica: a população neandertalense está estimada em 10 mil indivíduos repartidos pela Europa Ocidental. Uma ocupação mínima mas sobretudo esparsa, bem como hipotética, que teria limitado os contactos com os Homo Sapiens. E se os contactos tiveram lugar, o seu carácter hostil, amigável e porque não sentimental continuam a ser um fascinante mistério." (Diane Grabmuller in revue Science est Vie, Hors-Série, nº235, Edition Trimestriel, Paris, Juin 2006, trad. Maeve)
A origem do Homem é um dos temas que mais fascínio exerce sobre nós e principalmente desde o advento da teoria Darwiniana da origem das espécies. Os inúmeros fósseis que têm vindo a ser descobertos ao longo dos anos têm-nos permitido traçar uma linha de evolução, ramificada é certo, que situa as nossas origens num tempo tão distante como os 7 a 4,4 milhões de anos (pré-Humanos: Sahelanthropus tchadensis, entre outros). O homem actual - Homo Sapiens Sapiens - será, pois, à luz do evolucionismo, um resultado final e o único representante do seu género (Homo). Sabemos hoje que, há alguns milhares de anos, a nossa espécie partilhou algumas regiões do globo com uma outra, o Homo Sapiens Neanderthalensis. Aqui importa fazer uma ressalva: partilhar espaços geográficos não é sinónimo de coabitação ou cruzamento genético; lidamos com um tempo demasiado longo e não existem vestígios materiais concretos de uma possível convivência entre as duas espécies.
O menino do Lapedo
Em 1998, no sítio do Lagar Velho (Vale do Lapedo, Leiria), foram encontradas umas ossadas fósseis de um indivíduo de 4 anos de idade com cerca de 25 mil anos.
A descoberta acabou por dar origem a um livro intitulado Portrait of the Artist as a Child: The Gravettian Human Skeleton from the Abrigo do Lagar Velho and its Archeological Context (publicação do IPA, exclusivamente em Inglês vá lá compreender-se o porquê) onde os seus autores, João Zilhão e Erik Trinkaus, apontam o "Menino do Lapedo" como o resultado de um possível processo de mestiçagem entre Sapiens e Neanderthalensis:
"Com efeito, alguns aspectos como a dentição, a robustez dos ossos dos membros ou as proporções relativas da tíbia e do fémur mostram características próprias dos neandertalenses. Pelo contrário, outros como a dentição, o queixo ou as proporções e morfologia da bacia, são claramente próprios dos homens de tipo anatomicamente moderno." (in Tinta Fresca).
A técnica de datação utilizada foi a do Carbono14, contudo não se recorreu a uma análise do DNA mitocondrial que, embora não seja 100% exacta, nos poderia ajudar a comprovar esta teoria.
Em 1997, quatro pesquisadores, dois alemães e dois americanos, conseguiram recuperar uma pequena quantidade do DNA do osso de um Neanderthal (estudo de um trecho de DNA mitocondrial) e compararam-no com o trecho correspondente de 986 outros tipos, provenientes de seres humanos actuais. O resultado conduziu à seguinte conclusão: o DNA dos Neanderthais é muito diferente; encontra-se pelo menos o triplo de divergências do que quando se comparam duas amostras de DNA actuais; logo, o Homo Neanderthalensis é uma espécie diferente da nossa e não houve cruzamento genético entre ambas. Volto a repetir que não se trata de uma análise 100% exacta, conclusiva, mas que apresenta sim uma forte evidência.
Será então ou não o Menino do Lapedo um "eco do passado"? A prova de que duas espécies do género Homo se cruzaram?
"Se na Europa, e numa escala menor no Médio Oriente, encontramos traços de uma coexistência dos dois homens, não existe em contrapartida nenhum resto fóssil a atestar com certeza que eles coabitaram. Os poucos fósseis de híbridos, como o da criança do Lagar Velho em Portugal, deixam perplexa a maior parte dos paleantropólogos porque a descoberta de uma sepultura conjunta seria mais convincente. Esta coabitação é posta em causa por um outro elemento de natureza geográfica: a população neandertalense está estimada em 10 mil indivíduos repartidos pela Europa Ocidental. Uma ocupação mínima mas sobretudo esparsa, bem como hipotética, que teria limitado os contactos com os Homo Sapiens. E se os contactos tiveram lugar, o seu carácter hostil, amigável e porque não sentimental continuam a ser um fascinante mistério." (Diane Grabmuller in revue Science est Vie, Hors-Série, nº235, Edition Trimestriel, Paris, Juin 2006, trad. Maeve)
domingo, abril 13, 2008
Duas informações úteis
1.Europa Romana: encontra-se na Web, desde finais do ano passado, um site que pretende reunir todos os museus da Europa especializados na época romana. O Museu Monográfico de Conimbriga foi um dos primeiros a aderir a este projecto que visa, sobretudo, a troca de informação entre museus e público interessado.
2. Base de Dados Endovélico: para os que quiserem conhecer sítios arqueológicos nacionais, o Instituto Português de Arqueologia disponiliza no seu site o acesso à informação contida na sua base de dados, mediante pesquisa do utilizador.
IPA - Base de Dados Endovélico (ver no menu do site)
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